No programa Toque de Letra, desta segunda-feira (14), transmitido para o estado de São Paulo na TV Cultura, o jornalista esportivo Oliveira Andrade perguntou ao técnico do São Paulo Dorival Junior se havia ficado alguma mágoa por ele não ter sido escolhido o técnico da Seleção Brasileira. A resposta surpreendeu a muitos:
“O que tiver que acontecer, vai acontecer. Se um dia eu tiver merecimento pra chegar à Seleção, pode demorar um pouquinho, pode dar uma volta um pouco maior, mas vai acontecer. ”
Dorival ainda lembrou que ficou parado por quase 4 anos e meio e nunca deixou de receber convites, quase que mensais: “Isso pra mim não tem preço. Eu já tive 18 disputas de título, to indo pra décima nona. São 13 conquistas nesse processo. Fico muito satisfeito de ver o desenvolvimento da minha carreira, o respeito que existe com todos os profissionais com os quais eu convivi.” afirmou o técnico.
Obrigação de estar pronto sempre
O técnido do tricolor ainda disse que se mantém em constante prontidão para a Seleção.
“A minha obrigação é estar me preparando a todo instante pra que eu possa abastecer meus clubes de momento e caso um dia venha acontecer algo diferenciado pode ter certeza que eu vou estar preparado e em condições de um resgate do futebol brasileiro”
Êxodo dos técnicos brasileiros
O jornalista Marco Antonio Rodrigues, o Bodão, questionou Dorival sobre o porquê dos técnicos brasileiros estarem sendo preteridos em relação aos estrangeiros. Dorival, novamente, deu uma resposta conceitual:
“Infelizmente isso se agravou depois de 2014, quando foi imputado ao treinador tudo de ruim que aconteceu no futebol, principalmente pelo que aconteceu com a Seleção Brasileia”, cravou.
O arroz com feijão bem feito é a essência do futebol brasileiro
Bodão, lembrando um mote que alguns torcedores do Flamengo, classificaram Dorival Junior quando de sua passagem pela Gávea, questionou o ‘arroz com feijão’.
Dorival lembrou que formou dois times diferentes no Flamengo e está fazendo isso no São Paulo:
“O ano passado nós tínhamo dois times no Flamengo, cada um jogava com um esquema e os dois eram muito bem treinados. E isso está acontecendo com o São Paulo e nós jogamos contra o Botafogo, líder do campeonato e contra o Flamengo, vice líder do campeonato. Jogamos com equipes alternativas e fizemos grandes jogos! Se isso é arroz com feijão, está ótimo”, disse o técnico.
Entusiasta do futebol-arte, do jogo jogado, o técnico fez questão de lembrar um déficit primordial do futebol brasileiro:
“A essência do Futebol, a finta, o improviso, a jogada diferenciada que ninguém imagina que vai acontecer, isso sim nós perdemos! E os poucos jogadores que fazem esse tipo de jogada hoje, saem rápido do país. Isso é que sempre fez a diferença do futebol brasileiro e sulamericano. Isso é o que eu sinto há mais de 30 ou 40 anos”, afirmou.
Nós perdemos a rua!
Emblemático, o treinador sintetizou seu pensamento sobre o futebol atual com um paralelo com o futebol mais genuíno:
“Nós perdemos a possibilidade e o poder da finta porque nós perdemos a rua. Perdemos os campinhos de quarteirões, a várzea bem jogada. Perdemos a formação, aquilo que era a essência do futebol brasileiro: a rua!
Sobre o tema, o jornalista Rodrigo Viana produziu uma série documental, pelo SBT, em 2012, premiada. Assista aqui.